Não tenho tempo, não tenho época, não tenho espaço.
Não tenho o tenho, não tenho o tudo, só tenho o nada, mas nada tenho.
No nada, anseio, no nada existo, do nada respiro.
E do nada, surgiu um poço. E nesse poço cheio de nadas, gosmento nada, surgiu um tudo.
Logo pensei: eu tenho um tudo! surgiu um tudo! deveras tudo?
E a ânsia do tudo, me seduziu; eu quero o tudo, beberei o tudo, viverei o tudo e com toda certeza o tudo virá.
Mas aquele nada, não vai deixar. Me atormenta, me orienta que o tudo não devo considerar.
O poço é fundo, o poço é cheio - mas estaria o poço cheio de nada ou vazio de tudo?
É cheio de nada? não vou entrar. É cheio de tudo? temo enchafurdar. Creio que esse poço quer me sufocar.
Sinto tormenta, sinto impotência, não sei a qual diabos vou me agarrar! E nesse nada cheio de tudo, é tudo ou nada? melhor não arriscar.