quarta-feira, 9 de abril de 2014

Cheio de nada, vazio de tudo

Não tenho tempo, não tenho época, não tenho espaço.

Não tenho o tenho, não tenho o tudo, só tenho o nada, mas nada tenho.

No nada, anseio, no nada existo, do nada respiro.

E do nada, surgiu um poço. E nesse poço cheio de nadas, gosmento nada, surgiu um tudo.

Logo pensei: eu tenho um tudo! surgiu um tudo! deveras tudo?

E a ânsia do tudo, me seduziu; eu quero o tudo,  beberei o tudo, viverei o tudo e com toda certeza o tudo virá.

Mas aquele nada, não vai deixar. Me atormenta, me orienta que o tudo não devo considerar.

O poço é fundo, o poço é cheio - mas estaria o poço cheio de nada ou vazio de tudo?

É cheio de nada? não vou entrar. É cheio de tudo? temo enchafurdar. Creio que esse poço quer  me sufocar.

 Sinto tormenta, sinto impotência, não sei a qual diabos vou me agarrar! E nesse nada cheio de tudo, é tudo ou nada? melhor não arriscar.