domingo, 23 de março de 2014

estado


Você que é o espaço entre os espaços, que não é gente, não é coisa mas é um estado.
Você que se descasca e não só chora, mas se apavora
Do insight à reflexão, a quantos graus você congela?
Da reflexão ao incômodo qual seu estado que revela?
Do incômodo à conclusão, indefinido

Ah, se eu pudesse congelar e num estado sublimar...
Mas eu caminho, e me transformo numa essência grisalha, cansada, flácida, esquecida
Começo a descascar...viro farelo...quantas camadas eu tenho? quantos aspectos possuo? quantas chances eu tenho? qual é o meu tempo? o tempo é meu?

Eu caio pra cima, eu giro em linha reta...talvez o que tenho é um contorno no escuro; mas e o brilho do escuro? por que brilha o escuro? tão incólume escuro, tão sereno escuro....mas que grotesco escuro!
Esse inconstante escuro, a tibieza do escuro, é o perfeito estado pra eu tentar mergulhar

Viro fumaça. Duas camadas já foram, ainda não vejo o núcleo, espero que esteja num estado em que eu posso enxergar. 

Existe essência patológica? talvez uma verdade ilusória, de um estado que ainda não atingi.
Eu viro  tormenta, mais uma camada se desfaz. Minha consciência intervém. Até onde pode manter-se viva? está viva, está livre, pode ir. 

Ah, se eu pudesse programar a consciência para as duas da tarde!

sexta-feira, 14 de março de 2014

Quem sou eu?

Já faz 5 meses que aqui estou. Acho que a minha volta me fez ficar mais ciente, mais aguçada em relação a tudo. E isso não é necessariamente bom. Digo isso pois o início é meio surreal; não se está de fato plugado na realidade. Você revê as pessoas, ambientes e situações. Situações que de uma certa forma você já conhece, e, foram delas que você quis fugir. Aí é que está o problema. Se vê numa rotina totalmente diferente de uma hora pra outra, o que também causa um certo desconforto; se vê inserido num cenário do qual você não tem mais muita paciência pra acompanhar. Se vê impotente, sem saber ao certo onde está.

As coisas parecem assimétricas, repetitivas; lógico que, como me prometi quando deixei a Austrália, eu já tomei as rédeas da minha vida e comecei a tecer a minha nova realidade. No entanto, essa é a unica vez de verdade que sinto uma certa tibieza, um certo desconforto diante de tudo. Me sentia mais forte sozinha, no exterior; aqui confesso que por vezes me senti pequena, patética. Por quê será? Eu sei pra onde quero seguir mas ao mesmo tempo me puxo pra indagações. Definitivamente não é facil retornar e se enxergar em 3D, quando a maioria das coisas ainda está em duas dimensões.

Confesso que estou desconfortável, por vezes preocupada. Definitivamente de todos os problemas e desafios que enfrentei na Austrália, esse é o maior de todos. Me sinto nua e crua sem saber ao certo o que fazer. Dessa vez minha vida é um quadro em branco e acho que me sinto vulnerável, invadida, sem espaço; exposta.



  Demorou, mas chegou: aquela dúvida ascendente e onipresente de uma condição que sempre foi dúvida: caralho quem sou eu??E pra poder tentar entender melhor, começei a fazer meditação. Nada melhor do que um silêncio interno pra calar seus gritos externos. Eu não sei se a minha vida está num balanço, mas sinto que vou pra frente e pra trás, pra frente e pra trás. O que sou eu? por que me me escorrego por entre meus próprios dedos? por que não paro quieta? por que  as coisas estão embaçadas? Como falam, não são as perguntas que movem o mundo mas as respostas não é? então, estou tentando achá-las....e as vezes, não sei se o que eu acho que sou, é o que sou realmente.... quem és tu?