quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Buracos cheios

Acho que uma vida não será suficiente para que eu tape todos os buracos. Vida cheia, vida vazia, buraco cheio, buraco vazio. Quanto tempo perdi com buracos cheios? muito, muito tempo. E esse tempo que passou, faz questão de me mostrar o que eu perdi, o que eu desisti e como eu agi.

Não me dei. Me reservei. E aqui agora estou colhendo alguns frutos que de tão simplórios me assustam. Frutos esses, que me desafiam, frutos inesperados, frutos fora de época. Como fazer pra lidar com um fruto fora de época? Ele está aqui, mas não está. O espectro está. E já vai. Já foi.

Coração não tão leve como queria, mas agradecida. Agradecida por ter me exposto ao mais vulnerável dos meus buracos e ter percebido que o buraco não é tão fundo assim. A gente se cura quando se torna vulnerável. É a única saída. Andar em círculos não me adiantava mais. Coragem menina, coragem! Buracos vazios, que enchem, buracos cheios que esvaziam. A vida empurrou, mas os buracos sempre aqui estarão. Fato. Nunca me sentirei uma pessoa completa. O buraco continua, mas não tão profundo. Ele faz parte de mim, presa acho que estarei. Sempre, a uma vida cheia de angústia, de dor, de vazios dilacerados, que nunca poderão ser compreendidos. Por mais que eu me pergunta, não há respostas, só vazios, cheios, cheios e vazios.