terça-feira, 30 de junho de 2015

Labirinto

Sou um  descompasso, que de tão descompassado passa a fazer ritmo. Que entre ritmos e minutos leva segundos.

Segundos que se olham e viram milésimos. Se tocam, se entendem, se desencontram.
E o desencontro perambula em círculos, criam-se rotas, que arrastadas e desgastadas tornam-se atalhos, que míseros atalhos! atalhos pequenos. Percorro a geografia de uma ausência de ritmos, de fala, de sentidos. Não é tristeza, é ausência de riso. É um trecho que se afasta entre dois pontos, entre dois trechos, entre dois atalhos. Sou desatino, que em segundos leva horas, leva risos, leva sorrisos. Tristeza lenta, tristeza rápida...como corre! pegou um atalho, e entre passos e descompassos criou os traços. Enfim pousam, enfim correm, enfim marcam.

Meus traços desatinados fazem de mim um caminho, com atalhos desatinados, nunca percorridos, nunca avistados, nunca investidos.

E a geografia dos meus traços quer se unir aos segundos, que se tocam e viram tempo....arrastado tempo, batido tempo.

Tempo passou batido pelo trecho, pelo atalho, pelo sorriso. É um desatino. descompassado tempo! passa logo? passa rápido? passa batido? passa tanto que virou segundos, virou descompasso, virou desatino, virou labirinto.

Labirinto são minutos em segundos, que se olham e viram milésimos.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Vida sem vida


Sinto saudades. Saudades de coisas, de coisas da vida…de coisas não vistas, não vividas, de memórias não vividas. É um déjà vu com amnesia…acho que já esqueci isso antes. E antes eu achava que se eu fosse, eu alcançaria; se falasse eu magoaria; se silenciasse eu agradaria…ou omitia. Omitia o meu jeito incompreensível de cores berrantes…não, o meu jeito agride os olhos dos outros. 

Então seja mais neutra, mais contida!..contenha-se? A vida não gosta de pessoas suaves...
A vida em fases, capítulos, rodapés…a vida que volta, insiste em dar voltas. Seria o centro eu? Ou rodopio pelo eixo eu? Ah…saudades do pulo, da vida não comedida…saudades da beirada, da lasca, do desequilíbrio.
As escolhas que um dia não foram entendidas, lapidadas, discutidas….saudades do suspiro…suspiro do que não encontra, saudades daquele minuto! Faço de mim os segundos, mas eles se transformam em horas, em dias, em anos…
O seu cavalo selado já passou e a vida te cutuca pelo que não é. Pelo que não tem, pelo que não segue, pelo que apenas tem. A vida passa, te empurra, te desequilibra…desequilibra você ou é a vida passando? A que velocidade ela passa?
Saudade do trincado, do remendado, do inconclusivo….sua voz é aguda ou suave? Que tom que tem?
Por vezes ela ate cruza, eu atravesso mas não me sinto bem. Mas ela me segue, me persegue, me assombra. Me recorda do que não sou, do que não sou, do que eu não sou. Quantos despertares preciso pra acordar da minha inércia? Quantos depois? Quantos amanhãs? Quantos mais tarde? 

Amanhã a camada é grossa, é velha, é seca…não sei mais a minha essência, não sei mais aonde está a minha consciência.
Ah sua melindrada! Quanta assimetria e inconsistência! Passou a vida mirando fora quando o que queria estava dentro…
Curioso! certamente de fato não me conheço totalmente. Sou um ator vivendo a mesma peça, mas representando a própria vida. Buscando o que os outros querem, vivendo o que os outros vivem.

Me sinto faminta, sedenta, em desespero….até quando enxergarei com os olhos alheios? É conflitante…é hipócrita, é o desejo oculto de uma vida toda…uma vida que faz eco, mas o eco é de lamúria.